sexta-feira, 11 de setembro de 2009

No hoje todos os dias do ontem.

Pensamentos soltos. Estou tentando dormir mas não consigo, memórias voltam à minha mente e perturbam o sono, me fazem revirar na cama. Olho para o lado. Não estás. No lugar onde devia estar teu corpo adormecido encontro apenas o colchão ainda marcado pelo teu peso, os lençóis amassados e o teu cheiro impregnando o tecido fino. Penso nos porquês... Porquê foi embora? Porquê não podia ficar? Porquê tenho saudade daquilo que não fomos e que podiamos ter sido? Não há explicação. Ou há? Não importa mais. Já não é necessário saber. Lágrimas não lavam mais minha face ao lembrar, meu coração já não dói ao dizer o teu nome. Porém não significa que o sentimento tenho acabado. Óh não, não acabou. Se ainda o amo? Sim, eu o amo. Pois, se não amasse estaria eu escrevendo estas palavras? Mas os sentimentos amadurecem, mudam, se transformam. O amor continua sendo amor, só que sem a dor o acompanhando. Onde está a dor? Foi embora. Contigo. E mais uma vez começo a me perguntar os porquês. Malditos porquês! Eu não lhe dei amor suficiente? Talvez tenha dado amor demais. Todos sabemos que tudo o que é demais enjoa. Certo. Quem se importa? Ora, deixe isso para lá, passado é passado. Porquê não consigo entender? Saia da minha cabeça! Não, não vá... fique. Vá. Fique. Céus! Não posso deixá-lo ir. Me viro mais uma vez, agarro um travesseiro. Talvez tenha seu cheiro nele. Não há mais nada aqui. Somente um lugar vago em minha cama. Eu não vou chorar, não posso chorar. Não devo. Então eu o vejo, e o sorriso volta à brincar em meus lábios. Sua voz, tão doce voz, acorda as pequeninas borboletas em meu estômago, fazendo-as voarem em frênesi, deixando essa sensaçãozinha gostosa e incômoda de frio na barriga. Sinto-me tão frágil, tão exposto. Seus olhos leem a minha alma. Como isso é possível? Nunca poderei entender. Tu vai, e tu volta; lá e de volta outra vez. Sente minha falta tanto quanto sinto a tua? Quando estou longe de ti, sinto que falta parte de mim. Parte essa sem a qual não posso viver. Um pedaço do meu coração. Digo pedaço, pois apenas este o pertence agora. Sabes que, outrora, ele foi todo seu? Sim, ele foi. Já não o é mais. O que dizer sobre meus amores? Dividem meu coração e meu juízo. Juízo? Ainda me resta algum? Eis uma pergunta que jamais saberei responder. Isso não vem ao caso. Deixo minha mente vagar novamente para meu primero amor... Primeiro. Isso soa tão adolescente e bobo quando penso que soa? Sem problemas, sou bobo. Sabes que sou. Desde que o conheci deixei morrer em mim o garoto mal, forte, impertinente. Como fez isso comigo? Foram as brincadeiras recheadas de segundas intenções? Foram as risadas, as longas conversas? Ou foi quando teus olhos verdes ousaram explorar em mim partes que jamais haviam sido reveladas? Foi em um dia de chuva - o seu bico nos lábios e sua atitude infantil - que meu coração falhou uma batida. Um dia como hoje. O som dos pingos caindo nas árvores, as calçadas molhadas e as poças na rua. Uma risada, uma reclamação, e então um muro e uma ameaça. Ou seria promessa? O medo, a euforia, a timidez. De onde veio essa timidez? Ela não estava aqui. O batucar frenético do meu coração. No ritmo de um tambor de macumba. Tu-tum, tu-tum. Era tarde demais. Já não tinha volta. Como resistir? Sua pele na minha pele, seu suor no meu suor. Nossos gemidos e sussurros preenchendo o cômodo. E então eu estava completo. Por pouco tempo... Cometi erros? Nós cometemos. Já não ouvia sua voz em meu ouvido, e nem recebia seu afago em meus cabelos. Incompleto. Desespero... Existe limite entre céu e inferno? Cá estou eu, no limite. E onde está você? Ao meu lado. Não é engraçado? O redemoinho de emoções sempre volta, depois de se esvair numa nuvem de fumaça. Não tenho mais medo. Sei que estarás sempre ali, onde deve estar. Perto de mim. É o seu lugar. E todo o resto, nem me abalo. Não existe certo e errado. Não existe coerência. Só existe "você e eu".

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