terça-feira, 8 de setembro de 2009

Deixe-me entrar.

Porque algumas pessoas gostam de fecharem-se em si mesmas? Oh, isso é realmente necessário? Para quê os cadeados e as trancas? Porquê impedir que coisas boas entrem enquanto dentro de si aprisionam tudo o que não deveriam? Não deveria manter-me do lado de fora. Deixe-me entrar! Farei o possível para não lhe fazer mal, mas caso o faça, não me culpe... Quando nos abrimos para as coisas boas, deixamos espaço para também virem as ruins. Mas ter medo do mal não é motivo para repelir o bem, uh? Não que eu seja o bem, de forma alguma. Talvez eu seja seu pior pesadelo, um demônio em pele de anjo. Não tema minha ira, ela não é meu maior perigo. Tema minha doçura e minha compaixão, estremessa diante da minha meiguice, da minha boa vontade, do meu sorriso inocente... Pois sei que meu amor pode ser a pior ruína. Muito pior do quê meu ódio. Deseje minha ira, my sweetie. Deseje que eu jamais lhe ame. E implore por minha misericórdia, se me amares. Não, não deves me amar de forma alguma. Irei comer-lhe o coração, devorar-lhe o sentido, dilacerar-lhe a alma. Tudo o que restará de si é uma pálida sombra do que fostes um dia, pedaços esmagados pelo chão. Mas mesmo assim, deixe-me entrar. Tema, porém não fujas. Me ame e encontrarás o céu, para então ser atirado direto ao inferno ao fim. Sim, posso ver em seu interior o quanto me desejas. Minta, se esconda, negue, rejeite... mas fugir, não poderás. Não há escapatória. O brilho dos meus olhos te hipnotiza, o som jovial da minha risada o paraliza, o delicado aroma de minha pele macia o embriaga. Tudo em mim lhe é apelativo, como poderias escapar da minha teia? Vou tecendo-a pouco à pouco, dia após dia... logo estarás preso para sempre em meu casulo. Então sugarei toda a sua essência. Deixe-me entrar. Meu amor o chama, seu amor me responde. Deixe-me entrar. Apesar das aparências, não desejo lhe fazer mal. Não, não lhe farei mal. Apenas o amarei, o cativarei até que seu amor por mim seja tão grande que não suportarás caregá-lo. Ouça, não fuja. Nada disso é verdade. Lies, lies, lies. É tudo uma casca, engano, só aparência. Cilada? Armadilha? Não, não e não. Expurgar os demônios... Onde está o anjo que estava aqui? Lance fora as amarras. O que esse cadeado ainda faz aí? Não há necessidade de trancas. Desfaça. Quebre as correntes. Livre-se da mordaça. Siga seus instintos, o que diz seu coração? Não faz sentido. Isso é normal? O que é anormal? Não tenhas medo. Apenas ouça minha voz... Me ame, me ame, me ame.

Não, nada disso faz sentido.

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